Série O Povo do Ar: O Príncipe Cruel (Livro 01)
Resenha por Bianca Ramos
Título Original: The cruel prince
Autora: Holly Black
Tradução: Regiane Winaeski
Editora Galera Record, 2021 – 10ª edição.
Livro Físico, 321 páginas
Sinopse
“Jude tinha apenas sete anos quando seus pais foram brutalmente assassinados e ela e as irmãs levadas para viver no traiçoeiro Reino das Fadas. Dez anos depois, tudo o que Jude quer é se encaixar, mesmo sendo uma garota mortal. Mas todos os feéricos parecem desprezar os humanos... Especialmente o príncipe Cardan, o mais jovem e mais perverso dos filhos do Grande Rei de Elfhame.
Para conquistar o tão desejado lugar na Corte, Jude precisa desafiar o príncipe - e enfrentar as consequências do ato.
A garota passa, então, a se envolver cada vez mais nos jogos e intrigas do palácio, e acaba descobrindo a própria vocação para trapaças e derramamento de sangue. Mas quando uma traição ameaça afogar o Reino das Fadas em violência, Jude precisará arriscar tudo em uma perigosa aliança para salvar suas irmãs - e a própria Elfhame.
Cercada por mentiras e pessoas que desejam destruí-la , Jude terá que descobrir o verdadeiro significado da palavra poder antes que seja tarde demais.”
Resenha
Oi, caleidoscópios! Como vocês estão? Espero que estejam bem!
Tiramos no mês passado umas “pequenas férias”, afinal... Nem todo mundo é de ferro, né? Iasmin e eu estávamos exaustas, assim, foi melhor tirarmos um tempo para nós mesmas e é claro que durante este período lemos muito e tivemos muitas ideias legais.
Confesso que ainda não superei Corte de Chamas Prateadas, que encerrou nossa série de resenhas passadas, então fiquei com um pouquinho de ressaca literária. Quem também ficou assim?
No entanto, mesmo de ressaca, não hesitei em iniciar a Série “O povo do ar”, escrita pela Holly Black. Estava muuuuito curiosa para ler estes livros, já que vi várias postagens no instagram sobre (e também peguei alguns spoilers desavisados, cuidado!) e a história realmente parecia ser algo legal. Estamos nesse clima feérico há um bom tempo, né? Primeiro com Trono de Vidro, depois com a série das Cortes... E agora com o Povo do Ar.
Essa série contém três livros lançados, sendo o primeiro “O Príncipe Cruel”, e narra a jornada de Jude Duarte, uma humana que foi “sequestrada” após a morte dos pais por um general do mundo das fadas. A garota vivia pacificamente no mundo humano com seus genitores e suas irmãs Vivi, mais velha, e Taryn, sua gêmea.
No entanto, o que elas não sabiam é que sua mãe humana era esposa de Madoc, o general, e que fugiu do reino das fadas grávida dele. Ou seja, Vivienne era meia irmã de Jude apenas, pois a primeira garota possuía sangue feérico, era capaz de fazer magia e ainda tinha as orelhas pontudas.
Obviamente que Madoc não deixaria sua esposa fugir sem nenhuma consequência, por isso foi atrás dela no mundo humano quando retornou de uma de suas guerras e a matou, bem como seu novo companheiro, pai das gêmeas. O general poderia ter pegado somente Vivi, que era sua filha legítima, e deixado Jude e Taryn, no entanto, não foi isso que aconteceu. Ocorre que as duas, mesmo sendo filhas de outro homem, eram fruto de sua esposa, então o feérico tinha um dever com elas.
Assim, aos sete anos de idade Jude foi levada para o mundo das fadas contra a sua vontade, após ter visto Madoc matar seus pais, e lá cresceu junto com as duas irmãs. Ah, não podemos deixar de mencionar que o general depois se casou com Oriana, uma feérica e ainda teve mais outro filho, Oak, que ainda é uma criança.
Obviamente que, se não bastasse viver com o homem que assassinou seus genitores, Jude e a irmã, Taryn, ainda sofriam um preconceito enorme somente por serem humanas. Tanto que os feéricos as apelidaram de “corte das minhocas” porque um dia morreriam, ao contrário deles, que viveriam eternamente.
Nossos personagens vivem na Corte de Rei Elfhame, sendo que o mundo feérico é dividido em várias cortes, alianças, tem o mundo seelie, unseelie, uma confusão danada! Para agora vocês devem saber o local em que Jude vive e que o governante deles possui seis filhos, sendo que o mais novo, Cardan, pode ser considerado o nosso “príncipe cruel”.
Honestamente, pelo que eu já havia ouvido falar, achei que ele seria mais cruel. Não que Cardan seja bonzinho e um exemplo de fofura, mas também não é tãaaaaaaaaaaao maldoso assim, faz umas coisas duvidosas? Faz, mas mesmo assim, não dá pra comprar esse lado ruim dele não.
A verdade é que achamos que ele é cruel porque estamos sob o ponto de vista da Jude, que detesta o feérico com todas as letras. Uma coisa que devo ressaltar na nossa protagonista é sobre isso, ela ama e odeia todos! Um exemplo disso ocorre com Madoc, pois a garota nitidamente o detesta por causa da morte dos seus pais, por tê-la arrastado para o mundo feérico, mas também o ama por tê-la criado, dado carinho, comida, ensinado e estado presente.
Ou seja, temos essa dualidade de sentimentos o tempo todo com diferentes personagens. Um dos únicos que ela odeia mesmo é Cardan, por isso que digo que a nossa visão sobre o personagem é contaminada.
O seu relacionamento com o príncipe (e com os demais feéricos) é bem complicado, no entanto, nitidamente temos um enemie to lovers neste livro. No entanto, o que mais chama atenção não é o fato desse ódio vindo de Jude, mas sim a trama da própria corte, afinal... O rei está velho e planeja renunciar, qual dos filhos irá assumir?
Sim, o plano inicial do livro não é Jude e Cardan, mas sim a questão política! Essa é uma parte que chama atenção, pois temos uma versão bem simplificada (e bem menos estrategista) da guerra dos tronos.
Quer saber mais sobre? Você pode ler a história e também continuar a leitura da resenha, na parte de spoilers!
Bom, minha opinião sobre o livro é um pouco controversa. Não vou mentir, a história é legal e a escrita é bem gostosinha, o que incentiva a leitura, no entanto, não me chamou tanta atenção.
Li rápido? Para os meus parâmetros e pelo tamanho do livro, não. Isso porque fiquei entediada em alguns pontos da história... Por exemplo: Jude odeia Cardan porque ele faz bullying com ela, ok, é um bom motivo, mas por que ela odeia somente o príncipe? Além disso, a personagem principal parece que tem transtorno de personalidade, uma hora está bem, na outra está com medo, depois ama todo mundo para logo em seguida dizer que odeia.
Achei confusa a narrativa, mas as descrições são boas e os diálogos também são legais. Desanimou um pouco para ler o segundo livro? Sim, porém sigo firme... Vamos ver se a trilogia melhora, já adianto que a tendência é que isso ocorra mesmo, levando em consideração minha própria experiência com estes tipos de livros.
Caso você vá parar de ler aqui, por causa do spoiler, não se esqueça de seguir a gente no Instagram (@caleidoscopio_literario) e deixar sua opinião nos comentários! É muito importante!
AVISO! A PARTIR DESTE PONTO CONTÉM SPOILER
Se você não gosta, não continue!
Agora começam os spoilers, se você está com pressa e não leu o aviso acima, estou te avisando de novo... A partir deste momento, teremos spoilers!
Bom, já temos a informação de que o rei de Elfhame, chamado Eldred, pretende renunciar e isso gera uma “guerra política”, pois dois dos filhos do governante querem assumir o trono do pai: Balekin, o mais velho, e Dain, o favorito.
Assim, temos essa instabilidade política que foi uma das partes que mais me chamou atenção, considerando que gosto bastante destes contextos mais bélicos e estratégicos. Os dois herdeiros começam a se movimentar a partir do momento em que o pai anuncia seu desejo de renunciar e Madoc, que é aliado de Dain, parece torcer muito para este momento chegar. Suspeito? Sim. Ainda mais se considerarmos que o feérico é um general que quer guerras, isto é, a paz não o interessa nem um pouco.
É importante ressaltar que nossa protagonista, Jude, parece ter uma necessidade gigantesca de se provar e quer, de todo modo, arrumar um lugar na corte. Em um primeiro momento, quer ser Cavaleira, mas para isso precisa disputar o Torneio de Verão... Obviamente que Madoc não a autoriza a concorrer a tal cargo e não explica porque, somente afirmando que após a renúncia do Rei conversarão.
Vocês acham que isso impediu Jude? Não. Ela participou do Torneio, sem concorrer ao posto desejado, mas se destacou bastante, inclusive, deu uns bons golpes em Cardan e em seu grupo de amigos.
No entanto, o desejo por um posto na Corte do Rei não sumiu e nem a sua vontade de se provar, assim, quando o Príncipe Dain a procura na mansão do general, Jude aceita a oferta que o membro da realeza faz a ela, para que se torne sua espiã. Em troca, o futuro monarca coloca um geas nela, uma magia, que impede que os feéricos a enfeiticem.
Ou seja, somente Dain pode encantá-la e mais ninguém. E isso é perigoso, porque ela não está completamente invulnerável, mas ao mesmo tempo é bom para Jude, que não precisa ficar refém de usar amuletos o tempo todo, com medo de que algum deles faça gato e sapato dela, afinal fadas são cruéis.
Como espiã do príncipe, a garota conhece também a “Corte da Sombras”, composta por três feéricos que também trabalham para Dain. Eles são Bomba, Fantasma e Barata, sendo responsáveis por apurar o treinamento da humana e fazer os serviços sujos para o seu chefe, espionando, roubando, matando, entre outros.
Ainda como espiã e tentando esconder de Madoc e de toda a família seu novo “emprego”, Jude começa a se envolver com Locke, “amigo” de Cardan e que parece muito, mas muito mesmo, suspeito. Sério, eu não gostei desse personagem e depois que descobri o que ele estava tramando... PI-O-ROU. Ranço instalou mesmo! Ainda mais porque o feérico parece estar fazendo a garota de besta...
Fadas não conseguem mentir, isso é um fato real neste livro, mas como o folclore mesmo deixa claro: elas compensam isso com a facilidade em manipular pessoas. E Jude pode ser esperta em muitas coisas, mas certamente foi manipulada por Locke! Dá raiva e vontade de socar, já vou adiantar.
Além disso, fizemos mais algumas descobertas, como a que Vivi gosta de dar umas escapadas para o mundo humano. Uma coisa muito legal é que tanto Jude como Taryn, que são humanas, querem ficar no reino das fadas, e Vivi, que é parte feérica, quer ir para o mundo dos humanos. Inclusive, arrumou até uma namorada lá, o que só faz com que a garota queira continuar indo até o local.
No seu trabalho de espiã, Jude acaba descobrindo umas coisas bem bizarras sobre os filhos do Rei, inclusive de Cardan, o que nos faz ficar questionando quem seria o melhor para suceder o monarca. Mas, novamente, fiquem atentos, pois estamos vendo tudo sob a perspectiva da protagonista, ou seja, sua visão pode ser (e é) contaminada.
Querem saber quem vai suceder ao Rei? Dain ou Balekin? E Cardan, qual o papel do príncipe cruel nisto tudo? O que será de Jude e de Elfhame? Isso vocês vão descobrir lendo o livro! Mas adianto que o final é a melhor parte, pois é onde a coisa realmente esquenta.
O livro, como eu disse antes, é bom! Temos um jogo político bem armado e uma história até chamativa, com a escrita boa e coerente. No entanto, não prende muito e acaba que em alguns pontos você fica “oi?” por causa da personalidade de Jude, que muda a todo momento.
Acho que já disse isso antes, mas vou repetir: eu não gosto de livros em primeira pessoa. Isso porque nós somos influenciados pelo narrador, o que é muito ruim! Não dá para você analisar a situação como um todo, pois todas as suas percepções sobre a história estão contaminadas pela visão de quem está te contando as coisas e pelo pensamento dela. Acaba que a sua opinião sobre os personagens é feita através da protagonista, que muitas vezes está redondamente enganada sobre várias coisas.
Na minha opinião, o livro seria bem mais chamativo se fosse narrado em terceira pessoa. Primeiro porque teríamos mais um mistério e segundo porque outras perspectivas poderiam ser examinadas... Principalmente a de Taryn. A gêmea de Jude não parece ser muito legal, mas como sua irmã a ama, acaba que não temos uma visão clara de sua personalidade.
Em suma, a obra é fácil de ler e não apresenta muitas reviravoltas, dá para começar e terminar no mesmo dia, mas, particularmente, eu não consegui fazer isso porque a leitura não me prendeu tanto assim. Achei que o livro foi muito supervalorizado ou eu cheguei com muita expectativa, pois esperava uma coisa bem melhor e mais estruturada.
O final é realmente o que torna a leitura mais chamativa, mas mesmo assim achei previsível, então não contei como realmente uma reviravolta. Só considero que isso acontece quando algo que eu não estava esperando acontece de fato!
Por fim, recomendo a leitura! Li algumas resenhas no skoob que estavam dizendo que este livro não é o melhor da trilogia, então estou contando que vá melhorar! Vamos vendo, mas acredito que dê para dar uma chance, pois a história não é ruim!
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