Os Meus Olhos que não Eram os Meus

 

 

Resenha por Bianca Ramos

Autora: Helenah

Editora Trade Books dos Brasil, 2015 – 1ª edição; 3ª Reimpressão

Livro Físico, 400 páginas

 

Sinopse

“Algumas pessoas levam uma vida inteira buscando o sentido para suas vidas. Há outras que priorizam apenas o aqui e agora, na ânsia pela satisfação plena de seus variados desejos.

Mas o que rege a trajetória de uma existência? As incertezas do futuro ou as consequências das experiências vividas pelas escolhas realizadas? Em meio a estes questionamentos, este livro retrata a história de Saulo Johnson Pierre, um homem poderoso e renomado, que não vê limites para realizar seus desígnios e intentos.

Em contrapartida, o romance e o suspense surgem na figura de Anny, sua companheira, uma mulher essencialmente bela, sensível e que enxerga cada instante, cada experiência como única, de maneira a reverenciar sempre a magnitude do desconhecido, do sublime, do mistério da vida.

Duas personalidades distintas que aproximam e se distanciam no tempo, até que um fato inesperado e imprevisível muda suas vidas para sempre! Fatalidade? Destino? Ou simples acaso? A única certeza que se pode ter é o relato de uma experiência incrível e transformadora! Desvende este segredo e descubra o sentido de ‘Os Meus Olhos que não eram os meus’”.

Fonte: https://www.skoob.com.br/os-meus-olhos-que-nao-eram-os-meus-411602ed467285.html

 

Resenha:

Oi caleidoscópios, como vocês estão? Espero que estejam todos bem e animados...

Hoje traremos mais uma resenha de um livro nacional! “Os meus olhos que não era meus” é escrito por Helenah, uma brasiliense muito talentosa!!

Adquiri essa obra em uma Bienal do Livro, que ocorreu em Belo Horizonte (saudades das feiras de livros presenciais!), há bastante tempo, mas ele sempre foi “ficando para depois” na lista de leituras... Quem nunca fez isso, não é mesmo? Vamos comprando cada vez mais livros e deixando outros para trás, furando a fila.

Mas chegou a vez de lê-lo e, após finalizar essa experiência, tive que vir compartilhar essa história. Primeiro devo advertir que mesmo estando em uma postagem de quinta-feira, esse livro não é volume único! Esta obra possui uma continuação, mas ainda não foi publicado pela autora e eu não quis esperar para vir dividir com vocês minha opinião... Assim, quando houver o lançamento do próximo livro e se quiserem, podemos trazer a resenha dele também!

Durante a leitura entramos em contato com Saulo Johnson Pierre, um advogado criminalista poderoso (e chato, num primeiro momento), que é viciado em trabalho e não tem nenhum tempo para família, diversão e lazer. A verdade é que o personagem vive para os clientes, suas defesas e como sabemos que o alto nível de estresse pode gerar problemas de saúde, com o protagonista não foi diferente...

Ao contrário dele, temos sua esposa, Mayanny, mais conhecida como Anny, que é a calma e a leveza em pessoa. Ela possui um olhar único sobre a vida e sobre as coisas, percebendo situações que as vezes não damos muita atenção durante o dia a dia, além de ser uma pessoa muito doce.

Devido a um problema de saúde de Saulo, causado pelo estresse, o casal decide tirar uma folga em Angra dos Reis, indo de carro mesmo, aproveitar um fim de semana, mas uma fatalidade acaba acontecendo e... O resto vocês descubram lendo o livro ou o restante da resenha na parte que contém spoilers!

Este livro fala sobre perdão, de si mesmo e dos outros também, sobre superação de perdas e principalmente, sobre amor e destino. Senti que os personagens trazem uma carga emocional muito grande, o que é muito bom, pois você consegue compreender os sentimentos, a história de cada um, ter empatia pela situação em que estão (ou estiveram), e ainda consegue aprender com eles!

Achei a leitura deste livro muito tranquila, apesar de, em um primeiro momento, não ter me familiarizado muito com a escrita da autora. A verdade é que os diálogos são um pouco irreais. Não sei vocês, mas eu não conheço ninguém que fale, em uma conversa com familiares e amigos, a palavra “doravante”! Em um tribunal, uma defesa, sim, mas em conversas coloquiais? Não!

Além disso, os diálogos são realmente muito líricos e filosóficos, discutindo sobre a verdade da vida, regado de frases de efeito profundas, mas que raramente seriam ditas no dia a dia sem o auxílio de um livro didático. Isso, confesso, incomoda um pouco durante a leitura, mas não deixa o livro ruim... Uma sugestão: caso não esteja acostumado, leia com calma para compreender bem, pois realmente há um lirismo muito forte e falas bem poéticas, com palavras difíceis.

As descrições também ficaram confusas em alguns pontos, principalmente quando os personagens tem algum flashback ou entram naquele modo de reflexão profundo... Mas, não deixa a experiência literária ruim, só fica um pouco cansativo mesmo! Isso porque o leitor – pelo menos eu me senti assim – acaba um pouco perdido, sem saber se estamos no passado, no presente, se o personagem está refletindo sobre a vida ou se está relembrando de algo.

Apesar disso, a escrita da autora é muito boa e faz com que a história flua bem, sem contar que, se você tem um ritmo de leitura mais acelerado, como é o meu caso, consegue ler tudo em um dia, caso tenha tempo e paciência. A verdade é que no início a trama custou a me envolver, então lia poucas páginas por dia, mas depois alguns pontos instigaram minha curiosidade, facilitando o término da leitura.

Essa história se conecta de uma maneira bem legal – isso foi o que mais chamou minha atenção – e temos alguns mistérios para resolver, dando uma adrenalina durante a leitura. Sim, eu sou daquelas leitoras que precisa descobrir o que está acontecendo e bem rápido!

Também preciso citar que a diagramação do livro é muito boa, a minha edição, por exemplo, tem QR Codes quando os personagens ouvem músicas... Super interativo e legal! Como eu não tenho o hábito de ler com celular perto e já conhecia as músicas elencadas, não testei os códigos, mas mesmo assim a iniciativa chamou minha atenção!

Leiam o livro, pois além de ser uma obra nacional, a leitura é boa e instigante! A qualidade da escrita é algo que chama atenção e mesmo que no início você trave um pouco, continue e persevere, vale a pena! #leiaumlivronacional

Caso você vá parar de ler aqui, por causa do spoiler, não se esqueça de seguir a gente no Instagram e deixar sua opinião nos comentários! É muito importante!

 

AVISO! A PARTIR DESTE PONTO CONTÉM SPOILER

Se você não gosta, não continue!

 

Agora começam os spoilers, se você é apressadinho e não leu o aviso acima, estou te avisando de novo... A partir deste momento, teremos spoilers!

A história se inicia no presente, com Saulo retornando do hospital, após um coma e indo para a casa da família, junto dos dois filhos, os seguranças e o irmão. Não temos informação de nada do que aconteceu e ficamos igual ao personagem: totalmente perdidos. O advogado passa o tempo todo divagando sobre a garoa caindo, relembrando do seu passado e procurando por Anny, sua esposa, que até o momento não havia o visto.

Essa parte não chama muita atenção, pois é somente Saulo e seu irmão pensando na vida. Não temos muitos mistérios e nem situações para resolver, então fica realmente um pouco maçante mesmo.

Não é dito o que aconteceu com Anny nesse primeiro momento, mas obviamente a sua ausência indica alguma coisa. Primeiro pensei que ela estivesse em coma também, mas como o livro se chama “os meus olhos que não eram os meus” e como Saulo fica encantando ao enxergar os pequenos detalhes das coisas, presumi que ela estivesse morta... E acertei.

E não, esse não é um spoiler gigantesco, pois nem é o maior acontecimento do livro! Mas como chegamos a esse ponto? Vamos lá!

Saulo é a primeira pessoa que nos deparamos durante a leitura. Trata-se de um personagem bem chato, a princípio. Na realidade, somente gostei dele no final do livro e mesmo assim nem tanto.

O advogado é bem aquele tipo de pessoa que fica citando artigos de leis no meio das conversas, que age como se estivesse em um tribunal o tempo todo e problematiza absolutamente qualquer conversa, além de querer processar todo mundo. Eu vou dizer uma coisa a vocês, sou formada em direito e tenho preguiça de gente assim, que gosta de uma “palestrinha”.

Quando eu estava lendo, toda vez que Saulo começava a falar, eu pensava naquele meme: “meu olho revirou tão forte que eu pensei que nunca mais voltaria a enxergar”. Sério, sem condições para isso!

Então, ele é um advogado criminalista chato, que trabalha demais e tem pouquíssimo tempo para apreciar as coisas belas da vida, como a família. Devido a essa alta carga de trabalho, acaba passando mal, com uma crise de hipertensão – mesmo sendo jovem – e vai parar no hospital do irmão, Carlos, que é um neurologista.

Sim, Carlos é dono do hospital. E sim, todos eles são podres de ricos!

A relação entre os irmãos é bastante estremecida e no início não sabemos muito bem o porquê disso. A única informação que a autora passa é que ambos não se dão bem e aí a anteninha da curiosidade já começa a funcionar... Afinal, por que eles não têm uma boa relação?

Dr. Carlos, quando soube da situação do irmão, em um primeiro momento não quis o atender, mas depois se lembrou do seu juramento médico e acabou recebendo Saulo no hospital. O advogado foi diagnosticado com hipertensão e lhe foi recomendado férias e descanso, principalmente.

Carlos não me chamou muita atenção, mas ao mesmo tempo, também não o achei chato. Ele tem um arco bem bacana na história, rompeu o noivado com uma mulher misteriosa no mesmo dia em que inaugurou seu hospital e desde então fica relembrando do grande amor do passado... Geralmente eu me simpatizo, um pouco, com os personagens que sofrem de coração partido. Mas é bem pouco mesmo!

Seguindo a recomendação do irmão, Saulo decide viajar com a esposa, Anny, mas como tem pânico de voar, pois os pais morreram na queda de um avião no mar, decidiu ir de carro para Angra, passar um fim de semana. No entanto, mesmo tirando folga do trabalho, parece que o advogado não larga a sua profissão de lado – e nem a chatice – e eu fiquei me perguntando o tempo todo como Mayanny não mandava calar a boca, porque se fosse eu... Mandaria-o parar de ser insuportável 100% do tempo.

Durante essa viagem, temos a informação de que Saulo vem sofrendo ameaças há três anos, de uma pessoa misteriosa que lhe envia envelopes e torpedos, sendo que já contratou um detetive particular, colocou mais seguranças para a família e mesmo assim não conseguem localizar quem está fazendo isso. Confesso que foi esse mistério que me fez empolgar com a leitura, mesmo tendo uma ideia de quem poderia estar fazendo isso.

Uma coisa que devo comentar: acertei todos os meus palpites, porque os mistérios são bem previsíveis, ainda mais para a gente que é acostumada com esses dramas familiares. Mas isso não tirou a mágica da história, então, podem ler com tranquilidade!

Voltando a história, percebemos que Anny quer contar algo para o marido durante a viagem, mas tem medo de sua reação, então fica a todo tempo postergando, ainda mais que Saulo parece não dar a mínima para o que a esposa diz, focado nos próprios problemas e na própria bolha. Acaba que então, eles sofrem um acidente automobilístico e vão para o hospital de quem? Do Dr. Carlos!

Saulo durante esse acidente, antes mesmo de ser socorrido, percebe que não consegue enxergar e, de Anny, nem temos notícias. Ambos chegam em estado crítico ao hospital, mas a mulher está pior que o marido, já confirmando a teoria de que não sairá viva dessa história.

Realmente não sai, Anny morre e pede a Carlos, quando ainda está na UTI, que seus órgãos sejam doados, mas que suas córneas sejam doadas para Saulo e é também neste momento que temos uma informação valiosa sendo lançada: Mayanny era a noiva do médico, que rompeu o noivado no dia da inauguração do hospital!

Pois é, Anny era noiva de Carlos, terminou com ele e depois casou-se com Saulo. O pior, depois de casada, foi até a casa do ex-noivo tentar se explicar e acabou transando com ele! Olha que situação digna de ir para o programa “Casos de Família”.

 Enfim, Mayanny morre e Saulo fica em coma durante um longo período... Mas ainda temos algumas situações a serem enfrentadas, como: quem está ameaçando o advogado? Por que a filha mais velha do casal parece mais com o tio do que com o pai? Por que o segurança do advogado parece muito suspeito?  

Essas são perguntas que somente a autora vai lhes responder, mas eu já adianto que as pistas são meio óbvias e que dá para a gente entender bem o que acontecerá.

Como eu disse antes, achei os diálogos muito líricos e fora da realidade. Mesmo que Saulo e Carlos sejam pessoas ditas “cultas” e tenham um vocabulário vasto, ainda não vejo por que dizer “doravante” em uma conversa informal... Além disso, falta naturalidade nas falas e isso é muito comum em livros, muito mesmo, ainda mais considerando a nossa língua portuguesa, que quando é escrita de forma culta, fica bem distante do que falamos no dia a dia.

Além disso, Saulo fica falando o tempo todo como se estivesse em um tribunal, citando constituição, a nobreza de ser advogado, falado sobre suas defesas, citando o código penal e querendo processar todo mundo. Fiquei com preguiça, mesmo sendo do direito e imagino que pessoas que não são da área também ficarão, inclusive, esse tipo de personagem só serve para reafirmar o estereótipo do “advogado chato”.

Gente, não falamos desse jeito, sério! São raros os advogados que ficam conversando dessa forma, ainda mais com família e amigos. As falas de Saulo seriam ótimas se estivesse em um Tribunal do Júri, mas não em uma conversa com seu irmão e sua esposa. Honestamente, se eu fosse casada com ele e essa situação acontecesse, nosso casamento não iria durar dois meses!

São os mistérios que movem o livro, cheguei a essa conclusão. Querer saber se Anny estava realmente morta e quem estava ameaçando Saulo foi o que me fez persistir na leitura, alem de outros acontecimentos seguintes que não vou contar para vocês.

A escrita é realmente boa, apesar de um pouco distante da realidade e a leitura é muito fluída. Um pouco difícil no início, confesso, mas depois você pega o ritmo, fica muito mais tranquilo de ler! Eu recomendo que vocês deem uma chance para “os meus olhos que não eram os meus” e que apreciem bastante essa obra nacional!

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