O Reino das Vozes que não se Calam
O
Reino das Vozes que não se Calam
Resenha
por Iasmin Campos
Autores:
Carolina Munhóz e Sophia Abrahão
Paginas: 240
Editora: Fantástica Rocco.
1ª edição (18 agosto
2014)
Sobre as Autoras:
Carolina Munhóz é jornalista e autora de livros de fantasia. Eleita melhor escritora pelo Prêmio Jovem Brasileiro de 2011, ganhou em 2015 o Vox Populi do prêmio norte-americano Shorty Awards. A autora tem recebido destaque em diversos veículos de imprensa e mídias sociais e, com sua escrita instigante e sensível, vem conquistando cada vez mais fãs na literatura juvenil.
Sophia Abrahão
é atriz, modelo e cantora. Atuou em diversas novelas de grandes redes de TV
nacionais e também no filme Confissões de adolescente. Recebeu várias
premiações nos últimos anos, entre elas o Capricho Awards de melhor atriz
nacional e de melhor blog. Personalidade de grande destaque na mídia, Sophia
formou uma parceria com Carolina para dar vida a seu Reino encantado.
Sinopse:
Se você encontrasse um lugar onde todos o aceitassem... Seria
capaz de abandoná-lo? Sophie se esconde de todos e de si mesma: insegura, não
consegue enxergar sua beleza e talento, e sente dificuldade em se relacionar
com os outros. Seu dia a dia se perde entre os caminhos tortuosos dos que
convivem com a depressão e o bullying, e a jovem aos poucos vai se fechando na
escuridão de seus pensamentos. Desamparada e sem coragem de lidar com seus
problemas, ela acaba descobrindo um lugar mágico: um Reino onde as vozes não se
calam e as criaturas encantadas se tornam reais. Um local colorido onde ela
finalmente poderá se encontrar. Dividida entre a realidade e a fantasia, Sophie
contará com a ajuda preciosa de um rapaz comum e uma guardiã encantada, que lhe
mostrarão os segredos da alma e a farão decidir se vale a pena enfrentar seus
medos ou viver em um eterno conto de fadas. Em sua estreia na Rocco, a
escritora Carolina Munhóz, ganhadora do Prêmio Jovem Brasileiro por seu
primeiro livro, A fada, apresenta um romance escrito em parceria com a atriz e
cantora Sophia Abrahão. O Reino das vozes que não se calam marca também a
estreia do Fantástica Rocco, novo selo de fantasia da editora que se tornou
referência no segmento com a publicação de Harry Potter e outras séries de
sucesso.
Resenha:
Ola caleidoscópios! Vocês estão animados
para mais uma resenha de fantasia, e o melhor, de autoras brasileiras?
Aqui temos o “Reino das Vozes que não se
Calam” que é escrito por Carolina Munhóz e pela atriz Sophia Abrahão que vocês devem
conhecer das novelas e filmes, além de ser cantora e a capa desse livro.
Como de costume irei começar falando um
pouco da personagem principal e adivinhem o nome dela? Sophie.
Você mal começa o livro e já descobre que
vai acontecer algo ruim e que a princesa do Reino Das Vozes Que Não Se Calam vai
se afogar, ficar entre a vida e a morte e entre dois mundos. Pessoas, isso não
é um spoiler, pois essa informação está no prólogo do livro então meio que você
começa a leitura sabendo que vai dar ruim.
Nossa personagem principal é uma
adolescente que está no último ano do ensino médio e possui várias questões
internas, ou seja, problemas com a aparência, baixa autoestima, enxerga o mundo
sempre de um ponto de vista negativo e sob vários tons de cinza.
Sophie possui uma melhor amiga, a Anna, e
essa amizade começou no jardim de infância e mesmo as duas sendo completamente
diferentes, pois a segunda é muito popular, tem o corpo escultural, além de
sempre ser o centro das atenções incluindo na escola onde ambas frequentam, elas
fazem dar certo. Porém, isso deixa Sophie mais abalada psicologicamente, pois é
muito magra e descreve seu corpo como “tábua”, é ruiva, não possui curvas e usa
roupas largas para disfarçar isso.
Seria bom se os problemas de Sophie
parassem por aí, mas ela sofre bullying na escola, todos a apelidam de anoréxica,
acreditam que ela sofre dessa doença e usam disso para caçoar nossa personagem.
Por isso que nossa protagonista só tem uma amiga, sendo também a causa dela se
submeter a frequentar o grupo de amigos de Anna nos intervalos da escola, somente
para agradar a amiga, pois nossa protagonista sabe que eles só a aturam porque
gostam da amiga.
Nossa protagonista mora com a mãe, Laura,
que é presidente do clube das mães do jardim da infância e tem seu tempo
dedicado a isso, e com o pai George que é advogado. Além deles tem o seu pet, o
Dior, que é um buldogue e companheiro da personagem. Sim, o nome foi dado em
homenagem à marca famosa de produtos de luxo, mas quem escolhe o nome foi Anna.
Sendo apresentados alguns dos nossos
personagens da Terra, vou falar do Reino!
Pessoas, o Reino Das Vozes Que Não Se
Calam é um local mágico onde existem várias criaturas místicas como sereias e
uma fênix, animais falantes, flores de todas as cores possíveis e que cantam.
Um belo dia, após passar por diversos
problemas e brigas na escola, nossa protagonista é sugada para esse lugar
mágico. Sim, Sophie é transportada para lá e sabe disso quando sente essa sensação
de ser sugada e isso acontece quando está dormindo.
Nesse reino Sophie descobre que sua
chegada ao reino é muito esperada por ter sido procurada por anos, é a princesa
perdida desse lugar, que a avó e atual rainha não mediu esforços para conseguir
encontrar a neta. Porém, ela não pode ficar lá, pois ainda tem muitas coisas e
desafios para aprender na Terra e somente depois que conseguir cumpri-los vai
poder assumir seu papel e governar o reino.
Quais os desafios que Sophie precisa enfrentar?
Será que ela consegue cumprir todos? Será que vai virar princesa? Ela vai
deixar tudo na Terra e viver no reino?
São perguntas que vocês só vão descobrir
se lerem o livro ou se continuarem a leitura da resenha, mas adianto que tem
spoiler!
Pessoas, devo confessar que esse livro me
surpreendeu demais, e positivamente, pois a descrição das autoras é ótima, elas
descrevem cada mínimo detalhe e você realmente tem a impressão de estar dentro
da cena. Assim, não fica algo chato e monótono por ser descrito do ponto de
vista da personagem, então é como a protagonista está vendo tudo naquele
momento.
Além disso, temos aqui uma questão
importante que a história levanta que é o bullying e todas as consequências que
isso traz na vida e no psicológico da pessoa. Isso é extremamente
problematizado e você consegue perceber as consequências disso, como pode
acarretar depressão e até suicídio.
Também temos relatado a questão da importância
do tratamento psicológico e psiquiátrico para a resolução desses quadros e
também é levantado que muitas vezes há falta de compreensão e apoio dos pais perante
essas situações, pois podem achar que tudo é uma forma de “chamar a atenção”, o
que é outro ponto abordado no livro.
Enfim, a escrita é ótima, as falas e
condução da história são muito tranquilas de entender e quando eu comecei não
consegui parar de ler. Esse livro é pequeno então rapidinho você consegue
terminar e eu super recomendo!
Se
forem parar de ler aqui, não se esqueça de seguir a gente no Instagram
(@caleidoscopio_literario) e deixar sua opinião nos comentários, me contem se
vocês já leram, o que acharam ou se ficaram interessados em ler! É muito
importante!
A PARTIR DESSE PONTO TEM SPOILER:
Se você não gosta, não leia!
Seguimos a história e para continuar, irei
dar spoilers sobre a sequência!
Como mencionei mais acima Sophie sofre
bullying e isso leva a exclusão da personagem e introspecção dela, pois nossa
protagonista não tem amigos e a única pessoa que realmente conversa é Anna.
Então Sophie passa a maior parte do tempo em casa e a única coisa que admira em
si mesma é a sua voz, pois canta muito bem, toca violão e compõe suas músicas
sob a companhia de Dior, o cachorro.
Anna tem um namorado, que é o Daniel, e
possui um grupinho de amigos na escola: Erik e Sasha que são namorados e mais
um menino chamado Rick. Como mencionei acima nenhum deles conversa ou gosta de
Sophie e a convivência de todos é somente por causa de Anna, pois nossa
protagonista tem certeza que falam mal dela pelas costas.
Um dia, Anna cismou que Sophie era muito sozinha
e que precisava de um namorado então resolveu juntá-la com Rick que era o único
solteiro do grupinho. Além disso, chamou a personagem para ir em uma festa que
aconteceria em um clube onde todos da escola iriam.
Após um dia difícil da escola onde a diretora
chamou os pais de Sophie para uma reunião e disse que não aceitava o comportamento
dela, que os outros pais estavam reclamando da aparência, que a menina parecia
ter anorexia, precisava de tratamento e que queria que nossa protagonista fosse
a um profissional. Sophie ficou arrasada, pois todos achavam que era doente
mesmo os pais sabendo que era mentira, então resolveu ir à festa para tentar se
divertir um pouco.
Vocês acham que ela realmente conseguiu se
divertir? Pessoas, nossa protagonista foi humilhada.
A melhor amiga de Sophie tinha feito um
acordo para que Rick desse uma força e ficasse com a menina, mas chegando à
festa, ambas viram o garoto com outra garota. Então Anna disse que eles tinham
combinado e que o garoto não poderia fazer isso, sendo que o garoto disse que
nunca iria ficar com Sophie.
Pessoas, foi maior barraco, pois a menina
que ficou com Rick falou que estavam namorando e que Sophie era muito ingênua
de achar que ia chegar na festa dela ficar com o seu namorado e a garota ainda
falou:
“-
Quem sabe agora ela não se mata de tanto vomitar- finalizou Angélica.” p.37
Sophie saiu correndo e percebeu que a
amizade com Anna tinha acabado ali, pois a amiga tinha a traído ao expor nossa
personagem a humilhação daquela maneira. Então ao chegar em casa, se trancou no
quarto, sendo que foi neste momento que aconteceu a primeira ida para o Reino.
O Reino é um lugar mágico e o povo de lá é
denominado “os Tirus” e são governados pela rainha Ny e pelo ministro que a
ajuda com os anseios do povo e se chama Phix.
Temos também uma criatura que é um gato
falante que anda sobre as patas traseiras que se chama Jhonx e a guardiã dos
segredos do reino que ninguém sabe o nome, pois também deve ser guardado, mas
que todos a apelidaram de Sycreth.
Nesse reino nossa protagonista, em uma
conversa com a rainha, descobriu que um dia a matriarca foi consultar a sabia
do reino, que descobrimos mais a frente que se chama Mama Lala, e ela disse que
em outra vida a rainha tivera uma filha, que deu à luz a sua neta e a criança
foi encarnada como uma humana e mandada para a terra. Com isso, por muitos anos,
a missão da rainha foi ir atrás da criança e também da sua sucessora no reino,
mas ela nunca conseguiu rastrear a princesa, sendo que só conseguiria encontrá-la
quando a menina se lembrasse do local e estivesse pronta para ir para lá.
Nossa protagonista também descobre que
enquanto não resolver seus problemas na Terra não poderá viver no reino e
assumir seu papel de governante, sendo que a sua avó diz que as coisas no outro
mundo estão bastante sombrias para ela e que precisa tentar resolve-las. Além
disso, a rainha diz que só consegue trazer a neta ao reino por que há alguma luz
nos dias sombrios da garota e que é exatamente por isso que ela consegue rastreá-la,
mas que Sophie não pode ficar desesperada para voltar no reino, porque precisa
viver sua vida e deixar as coisas acontecerem naturalmente.
Nesse ponto pessoas conhecemos mais dois
personagens: Leo e Mônica
Leo é um garoto novato na escola e que
apareceu após a confusão da qual nossa protagonista se envolveu com a ex-amiga
na festa. Ele tem um estilo muito parecido com o de Sophie, gosta de usar
camisas de banda, roupas largas, botas de couro e todos na escola viviam
comentando sobre ele, o que fez com que o garoto virasse o centro das atenções.
Monica é uma garota “baixinha e gordinha”
que frequenta a mesma sala de Leo e os dois acabaram se tornando muito amigos e
de uma certa forma, ela acaba se aproximando de Sophie.
Pessoas, depois da briga com Anna, nossa
protagonista vivia sozinha pela escola e se isolava de tudo e de todos,
passando boa parte dos seus dias na biblioteca para não ter que conversar com
ninguém ou não provocar alguma situação e sofrer bullying.
Então quando estava entrando para a
escola, Sophie tropeçou nos cadarços do tênis e foi segurada por Leo para não
cair, então o garoto fez um comentário sobre a forma de amarrar os cadarços e
tentou ensinar nossa protagonista a amarrar igual aos dele para não cair.
Com isso, nossa protagonista percebeu que
o tênis dos dois eram iguais e surtou, porque achou que o menino também estava
fazendo bullying, pois para nossa personagem, Leonardo estava falando que
Sophie usava tênis masculinos. Então saiu correndo em pânico e se trancou no
banheiro.
Caleidoscópios, confesso que nessa cena
até eu fiquei surpresa pela proporção que a personagem deu a esse fato, mas
conseguimos entender que Sophie não conhecia o rapaz e todos viviam criticando-a,
então achou que isso seria mais uma brincadeira de mal gosto.
Sophie ligou para a mãe dela para ir
busca-la mais cedo e ao sair do banheiro encontrou Mônica com um bilhete de
Leo, ele escreveu:
“Talvez,
quem sabe, um dia eu aprendo a não mexer com que não devo.
Tenta
ficar em paz, AC/DC” p.95
Monica diz que nem todos da escola são
iguais e querem o mal dela, que Sophie precisava dar uma chance as pessoas.
Aí começam as mudanças na vida da nossa
protagonista, pois percebemos dois personagens que querem fazer parte da vida
dela e a ajudar, confesso que Leo é muito fofinho, demonstra que é diferente e
como deixa claro: os dois estão indo para o mesmo lado. Mesmo assim ela tenta
afastar os dois!
Mas Leo é brasileiro ne? Então desistir
não é com ele, então com paciência e aos poucos vai conseguindo se aproximar de
Sophie e estreitar os laços entre ambos.
Então em uma das idas ao reino, Sycreth
resolve levar nossa protagonista na Mama Lala, pois a vidente sabe de todas as
coisas e poderia saber quando Sophie vai ficar de vez no reino. Aí temos uma
decepção, pois a vidente diz que não ia falar, mas que iria jogar um tarô e
saiu 3 cartas: Amantes, o louco e a morte.
Então Mama Lala disse que Sophie precisava
passar por essas três cartas e descobrir o significado delas e só depois
poderia viver no reino. Qual o significado disso? O que quer dizer essas
cartas? Vocês vão ter que descobrir lendo o livro, pois não vou contar para não
perder a graça.
Pessoas, preciso levantar um ponto que é a
questão de a escola afirmar que a aluna é doente e que precisa de ajuda. Foi a partir disso e pelos pais de Sophie
notarem a mudança de comportamento dela que nossa protagonista foi levada ao
psicólogo e posteriormente indicada ao psiquiatra.
Eu acredito que os pais devem sim se
preocupar com o bem estar dos filhos, perceber as diferenças de comportamento
deles e em vários pontos nossa protagonista afirma que tem problemas, inclusive
tem uma passagem do livro que fala que os pais devem se preocupar e não achar
que os sentimentos e problemas que os adolescentes passam é uma forma de chamar
atenção.
Nossa personagem sofreu bullying a sua
vida toda e em nenhum momento mostra o posicionamento da escola quanto a isso,
pelo contrario mostra a instituição de ensino indo contra ela e colocando-a
como doente.
Acho sim que a escola deve dar um apoio
aos alunos e caso perceba que exista alguma mudança deve acionar os pais e
tentar entender o que está acontecendo, mas afirmar algo e obrigar o aluno a
passar em médicos não é uma conduta certa.
Além disso, esse ato da escola pode piorar
o quadro de desequilíbrio emocional do adolescente, sendo mostrado claramente
isso no livro, pois Sophie fica extremamente abalada com tudo.
Acredito que tudo deve ser conversado e
ter um diálogo entre escola e pais, de forma a melhorar a vida da criança e do
adolescente, não o contrário.
Alem disso, deve ter um combate muito
forte ao bullying dentro das instituições de ensino, pois isso leva a traumas
psicológicos graves e várias doenças, além de ser um ato que deve ser
combatido. Isso deve ser alinhado também com os pais, que devem educar seus
filhos e mostrar as consequências dessa pratica.
Caso percebam alterações em seus filhos, é
preciso conversar com eles e tentar entender o que está acontecendo e, se
preciso, buscar um profissional para ajudar no caso de forma a não deixar que o
adolescente passe por tudo sozinho ou colocar isso como algo irrelevante.
Por fim devo dizer que eu adorei muito
esse livro, a escrita é muito boa, é um livro de fantasia, mas que trata também
de temas pesados com responsabilidade e que super recomendo.
Se você
gostou dessa resenha, deixe um comentário com sua opinião (não custa nada)!
Contem para nós se vocês também gostaram? Um ponto que não foi citado, se a
resenha ajudou na leitura e essas coisas!
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