Julieta
Julieta
Resenha por Bianca Ramos
Título Original: Juliet
Autora:
Anne Fortier
Tradução: Vera Ribeiro
Editora Arqueiro, 2010.
Livro Físico, 448 páginas
Sinopse
“Julie Jacobs e sua irmã gêmea, Janice, nasceram em Siena,
mas, desde que seus pais morreram, foram criadas nos Estados Unidos por sua
tia-avó Rose.
Quando Rose morre, deixa a casa para Janice. Para Julie
restam apenas uma carta e uma revelação surpreendente: seu verdadeiro nome é
Giulietta Tolomei.
A carta diz que sua mãe havia descoberto um tesouro familiar
muito antigo e misterioso. Intrigada, Julie parte para Siena.
Mas tudo o que a mãe deixou foram papéis velhos – um caderno
com diversos esboços de uma única escultura, uma antiga edição de Romeu e
Julieta e o velho diário de um famoso pintor italiano, Maestro Ambrogio.
O diário conta uma história trágica: há mais de 600 anos,
dois jovens amantes, Giulietta Tolomei e Romeo Marescotti, morreram vítimas do
ódio irreconciliável entre os Tolomei e os Salimbeni. Desde então, uma terrível
maldição persegue as duas famílias.
E, levando-se em conta sua linhagem e seu nome de batismo,
Julie provavelmente é a próxima vítima. Tentando quebrar a maldição, ela começa
a explorar a cidade. À medida que se aproxima da verdade, sua vida corre cada
vez mais perigo.
Repleto de romance, suspense e reviravoltas, Julieta nos
leva a uma deliciosa viagem a duas Sienas: a de 1340 e a de hoje. É a história
de uma lenda imortalizada por Shakespeare. Mas é também a história de uma
mulher moderna que descobre suas origens, sua identidade e um sentimento
devastador e completamente novo para ela: o amor.”
FONTE: http://www.editoraarqueiro.com.br/livros/julieta/
Resenha:
Oi caleidoscópios, como vocês então?
Espero que todos estejam bem e saudáveis!! Preparados para mais uma resenha de
livro único?
Hoje vamos falar sobre “Julieta”,
uma obra de Anne Fortier, uma autora que nasceu na Dinamarca, mas depois
mudou-se para os Estados Unidos, para trabalhar em cinema. Tem doutorado em
História das Ideias e teve inspiração deste livro através de sua mãe.
Antes de iniciarmos um breve resumo
da história seguido de minhas opiniões, é importante ressaltar que este é um
romance histórico, ou seja, mistura fatos reais com ficção, então os locais
citados nos livros, as famílias rivais e até mesmo os castelos e algumas
criptas, existem de verdade, em Siena – que é onde a história de passa. Além
disso, há relatos de que a versão mais antiga de Romeu e Julieta – eternizada
por Shakespeare – realmente aconteceu em Siena, na Itália, e não em Verona.
Ou seja, podemos pesquisar os locais
no google que encontramos
imagens dos cenários (mas nem precisa, porque a descrição da autora é
ótima), além de que, se algum dia, alguém quiser ir em Siena, pode visitar os
locais que Anne cita no livro. Super legal!
Dito isso, vamos ao livro
propriamente dito. “Julieta” parece ser mais um daqueles romances água com
açúcar inspirados na peça de William Shakespeare, Romeu e Julieta, mas isso é
um pré-julgamento completamente equivocado. Esta história, na verdade, é
cercada por mistérios, maldição, reviravoltas e uma trama de dar inveja!
Não espere um romancezinho água com
açúcar para esquentar seu coração, pois o encontrará em pequenas quantidades,
pois a verdade é que temos aqui são mistérios, rivalidades e o belo cenário de
Siena. Sim, isso foi o que mais me chamou atenção, já que sabemos bem como eu
não sou uma pessoa paciente quanto a romances.
Aqui trazemos a história de Julie Jacobs, que
é uma hippie (sim, eu só consigo pensar nessa palavra quando a imagino)
apaixonada por Romeu e Julieta e que tem problemas para encarar seu futuro, ou
melhor, problemas para se programar para o futuro. Por quê? Porque ela tem
certeza de que irá morrer muito nova, então, teoricamente não precisa planejar
nada, somente ir vivendo.
Estranho né? Eu também achei, ainda
mais considerando o prólogo do livro.
Julie é irmã gêmea de Janice Jacobs,
sendo que é mais velha apenas quatro minutos. As duas não se dão muito bem e
estão sempre brigando por coisas bobas, se provocando o tempo tendo. A gêmea
mais velha, nossa personagem principal, é tímida, introspectiva e tem a famosa
síndrome do “patinho feio” – que muitas personagens femininas tem –, enquanto
que a irmã é uma mulher linda, estonteante, sociável e até mesmo um pouquinho
malvada (eu gostei, inclusive, sem paciência para personagens boazinhas).
Julie
e Janice foram criadas pela tia-avó Rose, depois que seus pais faleceram em um
acidente de carro na Itália e assim passaram toda infância e adolescência. No
entanto, quando as gêmeas tinham 25 anos de idade, a tia, uma senhora mais de
idade, falece e é então que o mistério se inicia.
Uma
herança deixada pela tia-avó Rose, que ficou mal dividida e uma passagem só de
ida para a Itália, fizeram
com que Julie, que descobriu se chamar, na verdade, Giulietta Tolomei, fosse parar
em Siena, em busca de um tesouro da família que a mãe havia procurado por toda
a vida. O que ela não sabe é que tal bem, na verdade, está cercado por uma
maldição e cada passo que dá para descobrir o enigma, acaba colocando mais em
risco sua vida.
Outro ponto que devemos mencionar é
que acompanhamos a história de Julie (ou seja, Giulietta Tolomei) na
atualidade, mas ao mesmo tempo temos a narrativa dos acontecimentos da
Giulietta Tolomei original, que viveu em 1340 e se apaixonou por Romeo
Marescotti, sendo que ambos se viram entre a briga das famílias Salimbeni e
Tolomei.
Uma coisa que devo citar é que a
história de Giulietta e Romeo é similar a de Julieta e Romeu
shakespeariano, mas apresenta alguns pontos cruciais bem diferentes e que fazem
toda a diferença na trama. Não, você não vai ficar entediado com o romance dos
jovens em Siena, mesmo já sabendo ou tendo lido a versão de Shakespeare sobre
os fatos.
A narrativa do livro é ótima, as
descrições da história e cenários são bem elaboradas e muito bem escritas,
fazendo você se sentir dentro do livro. Eu, em várias vezes, me peguei tendo
imagens vívidas dos cenários, palácios e eventos através da leitura, o que é
muito legal, já que em algumas obras esse ponto pode ficar um pouco a desejar.
Você se sentirá em Siena durante a
leitura, tanto na atual como na da Idade Média. Cercado por traições, mistérios
e uma maldição, Anne Fortier traz uma nova narrativa para o clássico e cumpre
com seu papel muito bem!
Uma coisa: eu não sou muito fã de
Romeu e Julieta, acho romantizado demais, já li a peça, assisti filmes, acho a
narrativa muito boa, mas a história de amor nunca me ganhou de verdade. Mas eu
amei esse livro, então, se eu, que não gosto muito, achei fantástico, os
amantes da tragédia de Shakespeare vão amar!
Leiam este livro, sério! É ótimo e
prende bastante! Não vou dizer que li super rápido, porque isso não é verdade,
mas depois que você engata no ritmo (e passa da metade) a história fica muito
boa. Eu não consigo escolher qual versão de Giulietta é melhor: a de 1340 ou a
da atualidade... Contem para mim qual vocês gostaram mais!
Caso você vá
parar de ler aqui, por causa do spoiler, não se esqueça de seguir a gente no
Instagram (@caleidoscopio_literario) e deixar sua opinião nos comentários! É
muito importante!
AVISO! A PARTIR DESTE PONTO CONTÉM
SPOILER
Se você não gosta, não continue!
Agora começam os spoilers, se você é
apressadinho e não leu o aviso acima, estou te avisando de novo... A partir
deste momento, teremos spoilers!
Começo reafirmando que esta é uma
leitura histórica, apesar de conter ficção. Ou seja, os fatos narrados
apresentam certa veracidade histórica, mas foram acrescentados elementos
fictícios!
Julie Jacobs (ou Giulietta Tolomei
da atualidade, como eu a chamei) é uma personagem intrigante, até certo ponto.
É uma pacifista que não acredita em guerras para resolver os problemas mundiais
e que vive por aí, aos tropeços, como já comentamos na primeira parte desta
resenha.
Iniciamos a leitura com a notícia de
que tia Rose, a mulher que criou as gêmeas após a morte dos pais, faleceu.
Sendo que Umberto, o mordomo suspeito, vai até onde Julie está, em um
acampamento, dar-lhe a má notícia. De uma vez, já vou dizer que desde o
princípio suspeitei desse personagem...
O mistério que o envolve chama um
pouco a atenção, apesar de que em um primeiro momento você pode não dar muita
bola para ele. Fique atento!
Tia Rose falece e então, após o
velório, é entregado um testamento às gêmeas, em que a herança vai toda para
Janice. Sim, vocês leram certo... Ela deixou tudo para a gêmea má, mesmo que
durante em vida tenha dividido tudo entre elas (o que é bem suspeito).
Julie fica possessa com isso, pois
está afundada em dívidas e estava contando que um dia receberia a herança da
tia e “acertaria” sua vida, mas no final, nada lhe foi deixado. No entanto,
antes de deixar a casa da falecida mãe de criação, é abordada por Umberto, que lhe
informa que na verdade tia Rose pediu que ele lhe escrevesse uma carta
dizendo que a mãe dela havia deixado um tesouro em Siena e que acreditava que
ela o merecia, portanto deixou-lhe uma passagem para a Itália, um passaporte
com o nome verdadeiro dela, ou seja, Giulietta Tolomei, e uma missão: pegar o
tesouro que a mãe deixou.
Quem cai nessa história? Só a Julie
mesmo. Foi neste ponto que eu comecei a desconfiar de Umberto realmente, porque
achei muito suspeita a atitude de mandar a menina para a Itália, com um
passaporte falso, ainda mais que tia Rose era contra que qualquer uma das
gêmeas pisasse no país, principalmente em Siena, além de evitar a qualquer
custo falar sobre os pais delas e como eles morreram. Além disso, não há nenhum
indício do dedo da tia nessa história, pois o mordomo apresenta a tese besta de
que a mulher não estava aguentando mais escrever.
Julie cai nessa conversa fiada, para
a surpresa de ninguém, e ruma para Siena, mas no aeroporto conhece Eva Maria
Salimbeni, rival de sua família e as duas ficam instantaneamente amigas, e sim,
essa é outra personagem que desconfio.
Aí vocês me perguntam: você vai
desconfiar de todo mundo? SIM!
É um livro que contém mistério e
tesouro, o princípio básico é só confiar no personagem principal que você
consegue ler e no que ele está pensando, que é o caso de Julie, o resto a gente
tem que ficar #atenta, pois pode acontecer uma traição a qualquer momento. Ah,
uma dica: quando a narrativa do personagem principal for em terceira pessoa...
Desconfie dele também! Se você não sabe seus pensamentos, é suspeito!
Eva Maria acompanha Julie no seu
primeiro contato na Itália e deixa bem claro a desavença secular entre a
família Tolomei e Salimbeni. É neste momento que conhecemos também Alessandro
Santini, afilhado da Salimbeni, que vai buscar a madrinha no aeroporto e acaba
dando uma carona a Julie também.
Sério, quem vai de carona para uma
cidade desconhecida com uma pessoa que conheceu em um voo e disse ser de uma
família rival a sua? É uma confiança (e loucura) que só acontece em livro
mesmo. Se isso acontecesse na vida real, aconteceriam coisas muito
desagradáveis...
Julie chega à Itália e vai à procura
do tal tesouro que a mãe deixou no banco, mas a verdade é que se trata apenas
de uma caixa com vários papeis, algumas versões de Romeu e Julieta e um diário
contando sobre a vida de Giulietta Tolomei e Romeo Marescotti. Além de depois
ela encontrar um colar com crucifixo escondido.
É neste ponto que Julie começa a ser
perseguida por um homem de moto, tem seu quarto de hotel invadido e percebe que
a história em que está metida é pior do que aparenta. Só que em vez de ser uma
pessoa sensata e deixar o tesouro para lá – já que ela ainda não sabe da maldição
– o que a nossa mocinha decide fazer? FICAR EM SIENA E INVESTIGAR.
Não sei vocês, mas se eu começo a
ser perseguida e ameaçada desse jeito, dou meus pulos para ir embora, ainda
mais que ela nem tem certeza se existe mesmo tal tesouro. Vai arriscar a vida à
toa?
Mas ela fica, continua a investigar,
com a ajuda de Alessandro, personagem pelo qual Julie tem uma quedinha, pois a
todo momento fica ressaltando sua beleza e sentindo borboletas no estômago.
Seria ele o Romeo de nossa Giulietta da atualidade? Ou seria ele Páris? Vou
deixar vocês descobrirem... Obviamente!
Enquanto isso, Julie continua sendo perseguida
pela pessoa de moto e também correndo risco, descobrindo o envolvimento de
Luciano Salimbeni, um criminoso, na morte dos pais. O homem de moto eu vou
dizer quem é: Janice!
Sim, a nossa gêmea má, que na verdade
se chama Giannozza Tolomei (eu não sei qual nome é pior), foi atrás da irmã na
Itália após descobrir que o testamento da tia havia sido fraudado e que na
verdade não havia herança nenhuma, apenas uma carta de tia Rose explicando por
que nunca havia as levado para a Itália e sobre o fato de a mãe delas acreditar
que havia uma maldição que causava inúmeras tragédias na família.
Janice se revela a Julie, dizendo
que Umberto – ou seria melhor chamarmos ele por seu nome verdadeiro: Luciano
Salimbeni? – havia fraudado tudo, espancado tia Rose e era o principal suspeito
de sua morte, e que também era um criminoso procurado pela polícia italiana e
pela máfia. A nossa Giulietta fica boquiaberta, tendo em vista que foi Umberto
que a enviou naquela missão de encontrar o tesouro da família.
Cartas são jogadas na mesa e a
investigação, bem como os crimes, continuam...
Durante essas narrativas, temos
também a história de Giulietta e Romeo, em Siena de 1340, nos mostrando como a
situação no passado ocorreu e como isso repercute na vida de Julie e Janice,
bem como na dos demais personagens.
Sim, não vou contar sobre a maldição.
Vou deixar vocês lerem o livro e descobriram o que é e se eles conseguiram
quebrá-la. Já vou adiantar que é bem surpreendente!
Na verdade, o livro todo é muito
surpreendente e a leitura é muito boa. Recomendo muito mesmo. Não é só mais um daqueles
romances bobos ou sem sentido, a trama é complexa e prende, fazendo você querer
ler mais para descobrir o destino dos amantes do passado, bem como o que
acontecerá com nossos personagens do presente.
Ah, é bom também para revisitar o
clássico de Shakespeare, que não chama muito a minha atenção, mas que eu sei
que tem muitas pessoas que amam
essa “suposta” história de amor. Digo suposta porque Romeu se apaixona
por Julieta em um dia, se casa no outro, é expulso da cidade e morre, ou
seja... Dura poucos dias para ser considerada uma história de amor épica. O que
temos são duas crianças cometendo erros atrás de erros, achando que estão
apaixonadas e que sofrem as consequências de uma rixa ridícula de família.
Já adianto que nossa Giulietta e
Romeu tem uma versão da história mais elaborada, o que é bem mais legal de ler!
E bem mais dinâmico também, além de termos outros personagens bem legais e que
fazem você ficar suspeitando de tudo e todos!
O livro é ótimo! Leiam e se
apaixonem!!
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um comentário com sua opinião (não custa nada)! Contem para nós se vocês também
gostaram? Um ponto que não foi citado, se a resenha ajudou na leitura e essas
coisas!
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