Dicas de livros para se ler no Carnaval

 

Dicas de livros para se ler no Carnaval!




Por Bianca Ramos e Iasmin Campos

 

Oi caleidoscópios! Animados para mais uma resenha? Porque por aqui estamos super empolgadas, ainda mais com a resenha de hoje, porque sim, estamos em clima de carnaval!!

Vamos indicar alguns livros que achamos ótimos para lerem nesse feriado de carnaval, principalmente para quem é do Bloquinho dos Livros, ou seja, para quem não gosta muito de viajar ou ir para as festas. Como estamos em tempos de pandemia e não vai haver as tradicionais festas de carnaval, o melhor programa (e o mais seguro, diga-se de passagem) é ficar em casa e acompanhados de um ótimo livro, um cobertor ou uma rede, e uma xícara de café ou chá.

No total daremos dicas de seis livros que já lemos e gostamos bastante para vocês se animarem e escolherem um ou mais para fazer companhia nesses dias. Vale lembrar que não somente neste feriado de carnaval, mas na vida, afinal... Livro nunca é demais né?

 

Vamos começar as indicações para os adeptos ao “bloquinho da literatura”?

 

Livro: Becos da Memória

Autora: Conceição Evaristo

Editora: Pallas

1ª edição (2017)

Páginas: 200

 

Pessoas, Conceição Evaristo é uma das mais importantes escritoras brasileiras da atualidade e os livros dela mostram bem os problemas sociais como a fome, pobreza, miséria, preconceito, bem como os pensamentos e sentimentos profundos das pessoas que vivem nessa condição tão comum no nosso país.

“Becos da Memória” conta as várias histórias de pessoas que vivem em uma “favela”, ou como é o mais correto dizer, em um aglomerado, sem condições de saneamento básico nenhuma, pois não tem água encanada e muito menos rede de esgoto, sem asfalto e sem luz elétrica.

Condições precárias que, em pleno século XXI, ainda se perpetuam na nossa sociedade, não é mesmo?

Mostra bem como essas pessoas fazem para sobreviver, as suas histórias e o porquê foram parar naquele local. Com isso, conseguimos entender o que houve com cada personagem e o que os levou aquela condição.

Isso tudo na visão de uma criança, uma menina que devido à curiosidade começou a querer saber as trajetórias dos moradores daquele local e das suas vidas.

Então, é aquele livro em que vemos bem a realidade de muitas pessoas do nosso país, que conseguimos entender melhor como sobrevivem em péssimas condições de vida e com o pouco que tem. Muitas pessoas precisam trabalhar muito, ganham pouquíssimo, passam fome e precisam tomar decisões que muitas vezes ficamos chocados, mas que era a única opção delas, como por exemplo, roubo, prostituição, aborto, etc.

Pessoas, não estou falando em momento nenhum que esse tipo de situação ou escolha é certa e não estou dizendo que apoio, só estou dizendo que nesse livro entendemos o que levou esses personagens a cometerem esses tipos de atos. Além disso, você pode ter empatia pela situação do outro, mesmo sem concordar e ratificar suas condutas!

Enfim, é um livro muito profundo e muito bom para quem quer saber melhor a realidade da sociedade e também de uma autora atual e brasileira. Acredito que devemos ler para saber melhor como vivem as pessoas fora do nosso ciclo e, também para sairmos fora daquela “bolha” de livros que somente mostram coisas boas e fofas, em um universo onde tudo dá certo.

 

Livro: Diário de Anne Frank

 

Autor: Anne Frank

Diretor: Fábio Kataoca

Editora: Geek

1ª edição (2017)

Páginas: 160

 

Quem nunca ouviu falar de Anne Frank quando vamos estudar sobre o nazismo? Ou quando temos que falar sobre relatos da Segunda Guerra Mundial? Nesses tempos em que regimes totalitários têm ganhado força no mundo todo, trazemos aqui um livro que é um diário de uma menina de treze anos, judia, que viveu durante este período sombrio da história mundial.

Pessoas, Anne Frank é uma menina que viveu três anos da sua vida em um esconderijo em um prédio com mais uma outra família fugindo de nazistas. Sendo assim, neste livro conseguimos entender bem o que foi a guerra, como era se esconder por medo de ir para o campo de concentração, como eles sobreviviam e os pensamentos e sentimentos de uma criança ao viver isso tudo.

Nele podemos realmente entender como era ser um judeu e como foi ser caçado pelo governo, a decisão dos pais de Anne em construir um esconderijo para eles e mais uma família e como era organização, a comida e o dia a dia dessas pessoas.  Além disso, podemos ver a inocência da menina perante a situação.

Cada capítulo do livro é um dia na vida de Anne, que vai relatando tudo que aconteceu, mostrando como ela lidava com a irmã mais velha, como o corpo dela foi mudando, os sentimentos em relação a tudo, a mudança de pensamentos e o amadurecimento em relação a todo o cenário em que viviam.

Nossa protagonista ficou nesse esconderijo até os dezesseis anos, quando foram descobertos e todos foram levados para os campos de concentração.

Pessoas, se vocês querem realmente saber como foi esse período da história na visão de quem realmente viveu nele, então esse livro é para vocês! Ele é muito bom e nos mostra bem o que foi o nazismo, sendo que a partir dele conseguimos entender bem o que a personagem estava passando!

 

Livro: Orgulho e Preconceito

Autora: Jane Austen

 Editora: Penguin

 1ª edição (2011)

Páginas: 576

 

Pessoas, devo admitir que esse é meu livro favorito!

Primeiro porque é um romance clássico e mostra o cenário da Inglaterra no século XVIII, e segundo porque temos personagens femininas muito fortes e como é um livro que não foi escrito nos tempos atuais, ter mulheres assim nas histórias era revolucionário.

Nele temos a trama da família Bennet, em que há um casal com cinco filhas, imaginem pessoas, naquela época as mulheres só serviam para casar e ter filhos e quem herdava a casa e os bens que eram passados por gerações eram os filhos homens. Sendo assim, uma mulher não poderia ser herdeira e deveria casar cedo, pois quando chegasse por volta dos 25 anos era considerada velha e um estorvo para os pais.

Com isso, a meta dos pais era arranjar casamentos muito vantajosos e com homens de famílias ricas, além de criar as filhas com esse intuito.

Agora multipliquem essa questão por cinco filhas, sendo que a nossa protagonista Elizabeth Bennet é totalmente contra esse pensamento e acredita que nós mulheres somos muito mais que isso e não iria casar com uma pessoa pelo dinheiro dela, mas porque a amava. Além disso, acreditava que nós, mulheres, não devemos ficar pensando e sendo criadas para ser boas esposas e cuidar, segundo a personagem, de futilidades como laços e vestidos, e sim devemos nos instruir e estudar.

Um adendo: hoje já sabemos que podemos cuidar de laços e vestidos e ser instruídas e estudar, ao mesmo tempo, pois uma coisa não anula a outra. Sim, você pode ser o que a sociedade julga como “fútil” e ainda assim ter um doutorado.

Em dado ponto da história Elizabeth conhece o Sr. Darcy um homem extremamente orgulhoso, dono de si e que acha que pode julgar os outros com base na sua aparência, deixando claro que isso é o que a Bennet pensa sobre ele. Com isso, temos uma boa dose de debates de opinião e de intrigas entre esses dois.

Pessoas, esse livro é um misto de romance de época, em que os personagens possuem pensamentos e questionamentos da sociedade atual, além de abordar o papel de nós mulheres na sociedade do século XVIII. Ele também mostra o cenário da Inglaterra naquela época, os costumes e os diferentes comportamentos e pensamentos das pessoas.

Isso também inclui as diferentes personalidades das seis mulheres da família Bennet, pois cada uma pensa e age de uma forma diferente e entram em conflito, o que nos mostra bem isso, cada mulher mesmo sendo criada pelos mesmos pais, são diferentes. Então se você gosta desse tipo de leitura vai adorar esse livro, pois ele te coloca pra pensar e questionar!

Também devo dizer que esse livro possui filme, também com o mesmo nome, que é ótimo por sinal, mas o livro é muito melhor por ser mais detalhado e os debates mais incisivos!

 

As Alegrias da Maternidade


Autora: Buchi Emencheta

Editora: Dublinense (em parceria com a TAG – Experiências Literárias)

1ª edição (2017)

Páginas: 320

 

             Falar sobre Alegrias da Maternidade é falar sobre luta e sobre o papel da mulher na sociedade. Trata-se de um livro nigeriano, cuja autora também é deste país e retrata a história de Nnu Ego, uma mulher africana que tem, de forma bem clara, duas metas de vida impostas pelo ciclo social em que vive: ter um marido e filhos.

             Apesar no nome, este livro retrata poucas alegrias e faz uma crítica social imensa ao lugar da mulher na sociedade. É um livro que se passa na atualidade e que demonstra claramente a posição da mulher no mundo e como ainda precisamos lutar para nos libertar as amarras do patriarcado e do machismo estrutural.

             É uma leitura muito crítica, já vou avisando, mas de extrema relevância e é muito leve. A autora trabalha temas pesados com responsabilidade e, ao mesmo tempo, leveza, fazendo com que à medida que vá avançando na leitura, perceba os nuances do abuso, da violência e do abandono que a personagem sofre. Além disso, retrata outra cultura, completamente diferente da nossa, então agrega muito.

             Leiam este livro, principalmente se você for mulher e faça as críticas que precisam ser feitas, além de aprender muito com a personagem principal. É uma ótima leitura, agrega muito, além de ser super fluída, porque a escrita da autora é maravilhosa!

 

O olho mais azul


Autora: Toni Morrison

Prefácio de Djamila Ribeiro e Posfácio da autora

Tradução: Manoel Paulo Ferreira

Editora: Companhia das Letras (em parceria com a TAG – Experiências Literárias)

1ª edição (2019)

Páginas: 320

 

             Primeiro, antes de falar necessariamente sobre o livro, precisamos enaltecer Toni Morrison. Este foi o primeiro livro que li da autora, mas não foi a primeira vez que ouvi falar dela, que é extraordinária, e foi a primeira mulher negra a ganhar um prêmio Nobel de literatura!

          O olho mais azul fala, prioritariamente, sobre racismo! É um tema muito relevante a ser tratado e discutido, pois ainda é, infelizmente, muito presente na nossa sociedade. Mas não fala somente sobre isso, pois retrata a questão do abuso infantil familiar, sobre violência doméstica e familiar contra a mulher e sobre o padrão de beleza da nossa sociedade.

          A nossa personagem principal é Pecola, uma criança que foi abusada por seu pai e que é constantemente excluída socialmente pela sua cor, sendo que todos insistem em dizer que seu corpo é errado, que ela é feia somente por ser negra e não se adequar aos padrões da sociedade. A menina acredita que toda a violência, desprezo e rejeição que sofre são por causa de sua aparência e passa a desejar que seu olho seja azul, a fim de que se adequar aos padrões da sociedade e seja, finalmente, aceita e respeitada.

          Agora eu pergunto: quantas vezes tentamos nos adequar aos padrões? Quantas vezes deixamos de ser quem realmente somos ou desejamos ser outra pessoa somente para nos adequar ao padrão inatingível de beleza e de comportamento que a sociedade nos impõe? Certeza que você, pelo menos uma vez na vida, assim como Pecola e eu também, desejou que algo em você fosse diferente para ser mais bem aceita, não é mesmo?

          A leitura é excelente, Toni Morrison escreve de um modo brilhante e mesmo que você não tenha tido um contato direto com temas sobre “racismo” e “abuso infantil”, não terá dificuldade nenhuma em ler. É um livro muito pesado, não há como negar e que pesa o coração, mas muito necessário e muito crítico, ainda mais considerando a sociedade em que estamos vivendo atualmente: cada vez mais conservadora, preconceituosa e separatista.

 

 

Belo Desastre


Autora: Jamie McGuire

Editora: Verus Editora

14ª edição (2014)

Páginas: 389

 

             Vocês acharam que ia faltar aqueles romances que a gente ama? Jamais! Belo Desastre vem para fechar a nossa lista de livros para ler no carnaval. Trata-se de um best-seller do New York Times de derreter os corações (e outras partes do corpo) e te fazer devorar o livro em poucos dias (ou até mesmo um dia, se você estiver com tempo).

             Nele temos a história de Abby Abernathy, uma boa garota, que vai para a faculdade com sua melhor amiga America em busca de um recomeço, mas tem seus planos abalados pelo bad boy Travis Maddox. É um romance baseado naqueles clichês da boa menina com o menino malvadinho, mas que no fundo também é um bom garoto.

             Cuidado! O relacionamento de Abby e Travis é bem conturbado e não deve ser romantizado, pois tem situações em que as coisas não deveriam ocorrer do modo como aconteceram, mas... É um ótimo livro e uma leitura excelente para esquentar o coração e aliviar o estresse mental.

 

             Então, gostaram da nossa lista? Não se esqueçam de comentar e de seguir a gente no Instagram (@caleidoscopio_literario) para mais resenhas e atualizações literárias. Bom feriado a todos!

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