Jardim de Inverno
Jardim de Inverno
Resenha por Bianca Ramos
Título Original: Winter Garden
Autora:
Kristin Hannah
Editora Novo Conceito, 2013 – 1ª edição. Tradução de Sylvio
Deutsch
Livro Físico, 415 páginas
Sinopse
“Meredith e Nina Whiston são tão diferentes quanto duas
irmãs podem ser. Uma ficou em casa para cuidar dos filhos e da família. A outra
seguiu seus sonhos e viajou o mundo para tornar-se uma fotojornalista famosa.
No entanto, com a doença de seu amado pai, as irmãs encontram-se novamente,
agora ao lado de sua fria mãe, Anya, que, mesmo nesta situação, não consegue
oferecer qualquer conforto às filhas.
A verdade é que Anya tem um motivo muito forte para ser
assim distante: uma comovente história de amor que se estende por mais de 65 anos
entre a gelada Leningrado da Segunda Guerra e o não menos frio Alasca. Para
cumprir uma promessa ao pai em seu leito de morte, as irmãs Whiston deverão se
esforçar e fazer com que a mãe lhes conte esta extraordinária história.
Meredith e Nina vão, finalmente, conhecer o passado secreto
de sua mãe e descobrir uma verdade tão terrível que abalará o alicerce de sua
família... E mudará tudo o que elas pensam que são.”
Resenha:
Oi caleidoscópios, como vocês então?
Espero que estejam todos bem e animados...
Hoje vamos falar um pouco sobre
Jardim de Inverno, um livro de volume único que fala sobre relacionamentos
familiares. Essa obra foi escrita por Kristin Hannah, que é uma autora
norte-americana, best-seller do The New York Times e que ganhou vários prêmios
literários.
Primeiro devo dizer que não comprei
esse livro, mas sim ganhei de presente há alguns anos e eu não tinha noção
nenhuma do quão boa a leitura seria. Sério, se soubesse que a história era
assim, teria começado a ler antes, já que ficou “parado” na minha estante por
muito tempo, muito mesmo!
Basicamente, este livro é sobre amor
familiar. Sim, é sobre amor! Pode parecer estranho no início, porque a única
pessoa que utiliza essa palavra e sabe o seu real significado é o pai de
Meredith e Nina, Sr. Evan Whiston. Já devo avisar que ele é o elo, ou a cola,
que une às duas filhas à mãe.
Uma personagem que chama atenção é
essa mãe, conhecida por nós leitores como Anya Whiston. Ela é uma mulher
completamente fechada e nas primeiras páginas eu estava detestando-a, mas
depois, mais para o final, passei a amá-la. Depois de Nina, ela é minha
personagem favorita e não somente porque é forte, mas também porque possui um
jeito muito peculiar de ser.
Das personagens mulheres deste livro
– que é cheio delas – Anya é a que mais surpreende, pela sua história e pela
sua força. Vocês provavelmente começarão a leitura não gostando muito dela, ou
não vendo muito os motivos de suas ações, mas depois é muito provável que passe
a ser uma de suas personagens.
A leitura, em si, é muito
surpreendente, devo dizer. Se você ainda está pensando se lê esse livro por
medo dele ser mais aqueles livros de autoajuda mascarados de romance familiar,
pare de pensar isso e leia, porque não é bem assim.
A história é basicamente sobre
conhecer as pessoas de nossa família, de não julgar sem antes saber o que se
passa e mais ainda sobre como nós não conhecemos o passado dos nosso pais e das
outras pessoas a nossa volta. Quando eu terminei de ler o livro, a primeira
coisa que fiz foi ir até minha mãe e dizer “ok, você vai sentar aqui nessa mesa
e me contar todos os detalhes da sua vida antes de eu nascer”, porque foi algo
que me marcou muito.
É muito bonito como as personagens
principais, Nina e Meredith, lidam com a mãe idosa e seu passado.
O livro é “dividido” em duas partes.
Explico o porquê das aspas agora: são duas histórias ao mesmo tempo, e não
somente Parte I eParte II como estamos acostumados.
Vocês vão perguntar: como assim Bia?
Primeiro temos a narração do
presente, ou seja, quando Meredith e Nina já estão mais velhas, cada uma com
sua vida, e de repente o pai fica doente e faz com que as filhas prometam, em
seu leito de morte, que vão procurar conhecer Anya, já que ela se mantém
fechada para todos inclusive para as filhas e parece nem ligar para a
existência das duas. Evan faz as duas prometerem que vão fazer a mãe terminar
de contar um conto de fadas que costumava contar para elas quando eram pequenas,
e Nina promete que vai fazer isso.
E então temos a segunda parte da
história, que é Anya contando o conto de fadas. Já adianto que esta é a parte
mais legal do livro porque termina de um jeito que não dá para prever direito,
além de que mistura fantasia, com um pouco de história, é muito interessante
essa mescla que a autora faz.
Essas duas partes acontecem
simultaneamente. Temos trechos do conto de fadas, sendo contado por Anya no
presente, enquanto Meredith e Nina tentam conhecê-la melhor.
Eu achei a leitura muito boa, apesar
de ter ficado um pouco “presa” no início em que a história não rende muito. O
ponto alto para mim, definitivamente, foi o conto de fadas e o seu desenrolar,
pois comecei a ler dando pouca importância para ele e focando nos problemas de
Meredith e Nina, mas depois passou a ser o ponto alto da narrativa.
É muito legal, sério.
Outro ponto que merece ser
mencionado é que este livro traz muitos elementos sobre a cultura russa então a
dica é ler com o celular do lado para ir pesquisando no google sobre as coisas
que você não sabe. Aprendi várias coisas – principalmente sobre comida, já que
Anya e as filhas cozinham muitos pratos russos – além de revisitar alguns
pontos da história russa que ficaram um pouco perdidos na época do ensino
médico, como o governo de Stalin.
Gostei muito do livro, achei ótimo
para falar a verdade. O final é surpreendente, a escrita é muito boa, bastante
fluida e com diálogos muito bons, você realmente se sente dentro da história
dessas mulheres que se descobrem e se mostram ser muito fortes!
Não posso deixar de mencionar isso. O livro dá um destaque para a
história das mulheres, que como todos nós já sabemos, é um pouco excluída da
nossa história mundial, pois temos sempre os fatos sendo narrados pelos homens,
normalmente vencedores. Isso é um ponto muito positivo, a presença de
personagens fortes, mesmo não sabendo ainda o tamanho de sua força.
A leitura é ótima e vale muito a
pena! Leiam este livro, é sério!
Caso você vá parar de ler aqui, por
causa do spoiler, não se esqueça de seguir a gente no Instagram e deixar sua
opinião nos comentários! É muito importante!
AVISO! A PARTIR DESTE PONTO CONTÉM
SPOILER
Se você não gosta, não continue!
Agora começam os spoilers, se você é
apressadinho e não leu o aviso acima, estou te avisando de novo... A partir
deste momento, teremos spoilers!
Vamos começar falando sobre a
relação familiar das personagens. Anya é mãe de Meredith e Nina, e é casada com
Evan Whiston, sendo que o conheceu quando ainda ocorria a Segunda Guerra
Mundial, enquanto ele estava na Rússia lutando pelos Estados Unidos.
Já num primeiro momento, enquanto as
meninas ainda são bem novas temos a informação de que Anya é uma mulher fria e
apática, que não dá atenção às filhas e nem demonstra carinho e amor, e o único
momento em que ela realmente demonstra algo para as meninas é quando conta um
conto de fadas para as duas dormirem.
Então, em um dos natais, enquanto
ainda são crianças, Meredith e Nina decidem encenar o conto de fadas para a
família, a fim de agradar a mãe, mas não dá muito certo. É assim que nossa
história se inicia.
Após isso, temos uma passagem de
tempo e as duas filhas, bem como a mãe, estão bem mais velhas. Meredith é uma
mulher casada com seu amor de infância, Jeff, e tem duas filhas adultas que já
estão na faculdade, e está sofrendo uma crise em seu casamento e também com as
filhas indo morar na Universidade, ou seja, está sendo afetada pela famosa
síndrome do ninho vazio. Ela percebe que viveu a vida toda em função de criar
as filhas, de agradar o marido (que é um personagem que não aparece muito, mas
eu achei bem legal) e de trabalhar na empresa da família.
Enquanto isso Nina – minha
personagem favorita – virou uma mulher independente, uma fotojornalista famosa
que vive em busca de aventuras na África e de fotos “perfeitas”. Essa
personagem é jovial, inteligente, realizada profissionalmente e possui o
emprego de seus sonhos. Só temos um problema: ela tem dificuldades em expressar
seus sentimentos de afeto por Danny, seu “namorado”, que também é jornalista.
Podemos perceber que Meredith e Nina
são contrárias uma da outra, como a maioria dos irmãos são, mas se completam de
certa forma.
Neste ponto da história Evan, o
patriarca da família, tem um infarto e fica bem frágil no hospital. Então todos
se reúnem a fim de verificar a saúde do pai e, antes de falecer, ele faz um
pedido a Meredith, para que ela tente conhecer a mãe, e a Nina para que faça
Anya terminar de contar o conto de fadas.
A princípio, após a morte de Evan,
nenhuma das filhas faz o que foi prometido e voltam a viver suas vidas como
antes. Nina retorna para a África, focando em seu trabalho, e Meredith toca a
empresa da família, tenta entender o que está acontecendo com seu casamento,
que está em crise, e fica responsável por cuidar da mãe.
As coisas ficam tensas assim até que
devido a Anya estar sendo muito difícil de cuidar, Meredith decide colocar a
mãe em uma casa de repouso para idosos, sem falar com Nina. Então, quando a
mais nova retorna para casa, percebe o que a irmã fez e retira a mãe do local,
comprometendo-se a fazê-la terminar de contar sobre o conto de fadas, como
havia prometido ao pai.
Temos assim a melhor parte da
história! Anya resiste, mas depois acaba começando a contar sobre o conto de
fadas, pois Nina é teimosa, e nesse ponto você não consegue mais largar o
livro, sério.
A
princípio parece só mais um conto de fadas comum, com princesas, príncipes,
cavalheiros, mas já dá para perceber que não é tão comum assim, já que Evan
deixou claro que aquilo era uma forma de conhecer a personagem. Então, eu
fiquei o tempo todo analisando os personagens, pensando que poderia ser a
história da mãe de Anya, depois da própria personagem, mas com outro nome, já
que a personagem principal deste conto é uma moça chamada Vera.
Assim, as filhas se reúnem, começam
a ouvir a história e como a narrativa é no ponto de vista das duas, todas as
dúvidas que elas têm, nós temos também. É desesperador!
Confesso que eu estava “nem aí” para
saber o que seria do casamento de Meredith, que estava ruindo aos poucos, ou
para os problemas amorosos de Nina. Eu queria saber de Vera! Meu único
interesse era saber como Vera e sua família, no meio de uma guerra em
Leningrado, na Rússia, iriam lidar com aquilo.
E é uma ótima história, sério. Cheio
de reviravoltas inesperadas.
Acaba que descobrimos que, na
verdade, o conto de fadas é a história de Anya e isso dá um desespero maior,
porque você começa a entender as ações da personagem, porque ela é tão
aficionada com comida, porque não demonstra seus sentimentos facilmente, o
motivo pelo qual a única pessoa que ela confiava era em Evan, entre outros.
É uma surpresa atrás da outra.
Óbvio que eu não vou contar sobre os
acontecimentos da melhor parte da história e nem se os problemas amorosos do
presente, bem como as outras questões pessoais, se resolvem. Você terá que ler
para descobrir, mas adianto: a situação é surpreendente.
Quando você passa da primeira parte
e Anya começa a contar sobre o conto de fadas, é impossível parar de ler e
quando a história se aproxima do final, faltando umas cem páginas para acabar,
realmente é surpreendente.
Eu cheguei ao final da leitura com o
queixo caído, de verdade, e toda arrepiada.
É óbvio que essa não é uma história
real, mas causa um impacto muito grande. Como eu disse, quando terminei de ler
a primeira coisa que eu fiz foi querer saber a história da minha mãe, e se não
fosse essa pandemia horrorosa do COVID-19, teria ido na casa das minhas avós
para saber sobre as histórias delas também.
Este livro é muito marcante e acho
que acabei o lendo em um momento muito bom, com uma maturidade para entender a
importância das personagens e de sua história.
É importante dizer que essa história
é focada em mulheres! Temos personagens masculinos como Jeff, Evan, Danny e até
mesmo Sasha, que é o amado de Vera no conto de fadas, mas eles não são o foco.
A luz está toda nas mulheres e nas
suas trajetórias.
Está em Anya, com as duas filhas,
está em Meredith e a sua percepção que viveu a vida toda para a família e se
esqueceu de si mesma, em Nina que busca seus sonhos independente de tudo e que se
inspira em outras mulheres. Está em Vera, que enfrenta uma guerra com dois
filhos pequenos e o marido no exército, bem como na irmã, na mãe e na avó dela
que passam pela mesma situação.
Esse livro conta histórias de
mulheres que lutaram e sobreviveram, que viram o pior e continuaram ali e mostra
a importância de uma história contada a partir do ponto de vista feminino,
arrisco dizer.
Mulheres (e homens) leiam esse
livro. Vocês não vão se arrepender, é sério.
A escrita é ótima, os diálogos são
bem construídos e o enredo é surpreendente, tanto no passado quanto no
presente. Não é uma leitura que você fica “só mais uma página” no princípio,
mas depois fica muito bom!
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